sábado, 22 de março de 2014

Os Últimos Dias de Ranais

    Era um mundo rico e próspero, Com quase toda terra e mar ocupada pela raça humana e aliados.Nós governávamos sobre as raças inferiores do mundo, domesticando animais e cultivando plantas. A humanidade aprendia, construía, lutava, morria e nascia.
    Conseguimos o conhecimento dos outros mundosdo céus, dos infernos, engrenagens, caos, cinza, Sigil e muitos outros. Não exploramos muito, contentes com o belo mundo de Ranais.
    Rezavamos para nossos deuses, mas todos compreendiam que eram apenas manifestações de uma mesma força primordial que possuía muitos nomes. Um simples deus governava toda a roda da existência, e tudo era um eterno ciclo de vida e morte. Nos reinos centrais do mundo de Ranais, nós construímos nove grandes cidades, na costa do oceano circular. Cada cidade dedicada a um aspecto desta força governante.
    Na cidade de Démete, a força era chamada de Cortina Gentil. Era aquele que cuidava com sorriso e carinho durante o fim de qualquer tormento. Não causava a dor, mas era a bençao do descanso desejado. Era aquele que iluminava o fim da longa jornada.
    Na cidade de Ort, era chamado de Juiz. Era justo e reto, o executor da justiça final. Vigiava a roda do destino silenciosamente, recompensando e punindo, sem emoção. Era quem mandava os mortos para os Sete Ceus, Os Nove Infernos ou para o Caos; para serem renascidos.
    Na cidade da Exaustão, era chamado de Mestre.Era aquele, em seu conhecimento divino, fez a escolha, ordenando morrer, viver ou ficar no meio do caminho. Sua escolha era nosso medo, já que ninguém sabia sobre o acaso de suas escolhas.
    E foi em Exaustão que nós o rejeitamos e assim assassinamos o nosso futuro.
    Nos gritamos: “Basta!!!”. Nós gritamos: “Liberdade!!! Expulsamos seus sacerdotes, destruímos seus altares, libertamos os animais de sacrifício. Recusamos a aceitar conselhos deDemete e outras cidades, quando estes pensaram que estávamos matando o Mestre quando dizíamos que não mais veneraríamos ele. Nós éramos comocriançasn nossos olhos bem fechados, para ter certeza que não havia um monstro debaixo da cama.
    Mas o monstro estava aqui. O Mestre veio logo depois, aparecendo para cada oficial da cidade estado da Exaustão ao mesmo tempo, exigindo explicações. As respostas que oferecemos não foram satisfatórias. Ele sorriu de maneira sarcástica e foi embora, deixando uma sinistra mensagem, dizendo que voltaria em breve.
    Então o sol ficou doente. Seus saudáveis raios avermelhados se tornaram laranja, amarelo e então branco. Astrólogos de todo o mundo vieram paraMount Shasa para observar este fenômeno; alguns amedrontados, outros excitados. Misteriosamente, ninguém veio da cidade da Exaustão. Nós sabíamos que a mancha negra da morte havia infestado o outrora belo sol. fúria do Mestre havia caído sobrenós. Preto no branco, voce estava olhando para o sol? Pois o sol não brilha para quem está na sombra.
    Quando os raios doentios do sol começaram a brilhar, todas as crianças do mundo, com idade inferior a dez anos perderam a capacidade de falar.O único som que faziam era uma palavra: “Orcus”, que na lingua abissal significava Mestre.
    Com o tempo as outras cidades perceberam que o mundo estava morrendo, e qual havia sido a causa. Mandaram mensageiros para Exaustão – políticos, sacerdotes, soldados – o que fosse necessário. Deveriam fazer a cidade arrepender-se; implorar o Mestre por misericórdia, ou serem sacrificados para aplacar sua ira. Mas  era tarde.
    Onde Exaustão repousara, não havia resquício de civilização, exceto ruínas enegrecidas. As ruínas não pertenciam a Exaustão e a nenhum outro estilo arquitetônico do planeta. Eram obviamente muito mais velhas que Exaustão. A cidade simplismentedesaparecera e o rio Ointar havia congelado em gelo negro, enquanto gélidos ventos arrasavam a terra, sugando a energia da vida dos vivos.
    Sem nenhuma esperança, o mundo de Ranaiscomeçou a morrer. Plantas recusavam a crescer, animais ficavam loucos, crianças nasciam cegas, surdas e mudas. Então desesperamos. Anarquia obliterou os poucos habitantes organizados, enquanto sacerdotes que clamavam poder criar portais para fugir desta loucura foram ridicularizados ou assassinados. As velhas crenças desabaram, as novas eram criadas e destruídas no intervalo de semanas. Os poderosos e sábios escolheram a morte em vida, embora sem a benção do mestre eles não podiam colher a energia negativa sob o sol agonizante. Os inferiores se tornaram simples corpos andantes enquanto aqueles que compreendiam se tornavam aparições.
    Nós também lembramos da última resistência, quando um grupo de nós esperou e capturou um viajante dos planos que pode encontrar uma saída para este pesadelo sem fim.
 

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